domingo, 8 de junho de 2014

Espaço para nós dois

Seus olhos não são claros, não posso fazer um daqueles lindos poemas os comparando com o céu azul ou com o mar de norte a sul. Seus olhos me lembram a terra, terra firme. Sempre me lembram de como preciso ser firme para segurar essa barra que é gostar de você. Como preciso me acostumar com teu jeitinho frio e calmo de lidar com tudo. Você é assim, e foi exatamente assim, lindo e sem jeito que eu me apaixonei por você. Não posso te comparar à seda como todos os casais normais. Primeiramente porque não somos um casal e segundo porque nunca te toquei intensamente, nem por um segundo casualmente. Sempre escrevi sobre todos meus amores platônicos te deixando de lado, te guardando como um tesouro. Nunca quis confirmar o que sinto por ti, nem pra você e nem pra mim mesma. Você eu prefiro ver como algo mais sério, talvez como algo futuro - o que eu espero. Por isso e por outras coisas, nunca te escrevi, nunca te descrevi.
Tenho medo de estar me iludindo, mas ultimamente seus olhares são como maneiras de afeto. Ao meio de toda multidão, seus olhos encontram os meus e eu preciso só sorrir e fingir que nada está acontecendo. Não sei se é um sinal seu ou algo contraditório meu. Só sei que conheço o teu jeito e, que por enquanto, nada acontecerá. Que talvez esses olhares sejam uma maneira sua de dizer que tudo pode ser correspondido, uma maneira de dizer que sim. Sua maneira timidamente de confirmar um sentimento. Mas o fato de saber que você sente algo por mim, acredite, já me conforta. Me conforta porque sei que não daríamos certo agora e que não quero te ver fechar a porta.
Seria idiotice dizer que estou totalmente feliz porque ganhei um beijo no rosto? Portanto, que eu esteja sendo idiota, mas idiotamente feliz. Nunca me importei muito com o seu jeito de ser, juro que me acostumei com teus detalhes de cada-um-com-a-sua-vida. Somos amigos e isso sinceramente não me afeta em nada. Estou feliz com a sua amizade, com uma ponta de esperança mesmo sabendo que com sim ou com não, estarei de pé e sempre com uma queda por ti.
Nunca consegui sair da primeira linha quando o titulo era você. Porque é tudo tão complexo, tão vazio. Não temos e nunca tivemos nada, não guardo nenhum rancor de você. Tenho e não tenho vontade de ter algo contigo. Claro que já sonhei com você me mandando flores e dizendo que sempre quis e nunca teve coragem de falar dessa maneira comigo, mas também é claro que tenho meus pés no chão. Te escrever é isso, confusão. Não quero que tenham uma má impressão sobre o que sinto por ti ou sobre o que espero de você - de nós. Meu amorzinho por você começou quando eu devia de ter uns 6 anos. De lá pra cá, estar próxima de você fez com que tudo crescesse. Te estudei por todo esse tempo. Te vi namorar. Me vi sofrer. Mas como eu já disse: fiquei, conheci e talvez amei outras pessoas. Via você como algo relacionado ao amor da inocência, a quedinha que nunca passa, o abismo que permanecerá em mim. Não te vejo como uma meta ou o grande-amor-da-minha-vida. Mas te vejo como uma pessoa que abala minhas estruturas. Nada tão fora do normal. E hoje, estou completamente feliz por finalmente conseguir te escrever. Está é/será apenas mais uma carta não enviada.